sábado, 13 de dezembro de 2008

O Significado Moral da Guerra

Consciente ou inconscientemente, esta má compreensão do significado moral da guerra revela uma incapacidade de compreender o caráter humano; ela advém de uma filosofia de vida puramente materialista. A base real da doutrina da paz eterna não é nada mais do que egoísmo e amor ao conforto, disfarçados sob um vago idealismo. Essa tendência ignora totalmente o fato de que pode-se encontrar um idealismo muito mais sadio aceitando-se a vida como ela é.

A historia nos ensina que as nações que não se encontraram prontas para defender sua honra, com armas, invariavelmente entraram em declínio. É oportuno, portanto, sempre que a sociedade volta-se para uma luxuria descuidada, não refreada por quaisquer considerações morais, que surja no horizonte aquele tipo de ansiedade política, aquele restaurador do poder cívico – A guerra. A paz eterna seria um destino perverso, porquanto seria adquirida, unicamente ao custo das mais nobres qualidades e dos mais altos fardos do Homem.

FONTE: “O poder da personalidade na guerra” – Hugo von Freitag-Loringhoven, Pág. 161 e 162.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Espírito de Maginot


“Ele, um general ou mero capitão, que emprega cada um de seus homens no assalto a uma posição, pode estar certo de que vai vê-la ser retomada por um contra-ataque organizado feito por quatro homens e um cabo” Ardant du Picq

Napoleão afirmava que o momento ao qual o exército fica mais vulnerável, é no
exato momento após sua vitória. Nestes momentos o exército fica psicologicamente vulnerável delirante pela vitória aparente. Ocasionando o momento propício para que seu inimigo contra ataque com suas reservas. Por isso é sempre necessária uma reserva estratégica para que possa ocupar o campo enquanto a “massa” repousa.

O Mesmo aconteceu com a França no Pós-PGM, seus escassos recursos foram empregados massiçamente para bloquear os exércitos alemães. Suas forças tanto econômicas quanto psicológicas foram gastas. Suas reservas humanas foram mutiladas pela política inconseqüente da “OFFENSIVE À OUTRANCE”...



Os efeitos destrutivos desta política não só afetaram a situação imediata da França como o seu futuro próximo, as perdas catastróficas de jovens durante a guerra fez com que a taxa de natalidade da França despencasse, os efeitos de quatro anos de ocupação alemã tiveram efeito destrutivo sobre a combatividade tanto do soldado francês como de seu povo. Os franceses em 1918 estavam decididos a nunca mais serem invadidos.Estavam decididos a nunca mais sofrerem nas mãos dos “Hunos” do outro lado do Reno.



Neste espírito defensivo, começa a ser construída a Linha Maginot, um imenso bastião defensivo que se estenderia desde os Alpes até o canal da mancha. A intenção da linha era economizar Homens e Material, poupar a França de sacrifícios inúteis, como no passado. Tamanhos foram os investimentos na indestrutível linha maginot, que faltaram recursos para diversas outras áreas das forças armadas, nas palavras de René de Chambrun, “a linha Maginot havia custado 55 bilhões de Francos, cada encouraçado da Classe Dunkerque custava em media dois bilhões, Poder-se-ia a França construir 25 encouraçados com o preço de sua linha inexpugnável”.

O “encouraçado terrestre” como ficou conhecida entre os soldados, contrariava as regras da fortificação moderna moldadas sob égide de outro francês alguns séculos antes: Vauban. Fortificações, não devem representar o único esteio de defesa de um estado, pois as mesmas servem apenas para ganhar tempo, impossível é construir uma fortificação indestrutível. Em resumo, toda fortificação necessita de uma força móvel, para que quando possível, lhe levante o cerco. Mas o “espírito de Maginot” se engalfinhou no âmago do povo francês. Isso afetou não só o alto escalão do exército como afetou a política francesa. Nas academias militares Não mais se ensinavam a avançar, dominar uma ponte, atacar uma cidade. Ensinava-se apenas a defesa; como defender uma ponte, como defender uma colina, etc.

A coesão interna da França se fragmentou-se por disputas egoístas de partidos. Os partidos Comunistas locais não pensavam no que seria bom para a França, apenas seguiam ordens de Moscou, paralisando linhas de produção e meios de transporte. Isso se retrata na reação do povo Francês após o Pacto de Munique. Mesmo com a “faca sobre sua cabeça”. O povo francês continuava amortecido pela vitória de 1918. A produção de material bélico estava praticamente parada. As principais regiões industriais da França estavam paralisadas por greves organizadas pelos partidos comunistas. Movimentos fascistas franceses divulgavam a propaganda alemã dentro do território Francês. O Slogan “Melhor Hitler que Stalin” ganhava terreno.

Enquanto isso no Governo, os alto-escalões franceses haviam perdido completamente a razão. Dalardier e Reynaud se combatiam ao invés de combater os alemães. A Propaganda alemã começava a colher seus frutos, o povo Francês começara a sentir-se traido pela Grã-Bretanha. Eram muito comuns entre a população francesa comentários do tipo: “onde estão os exércitos de vossa majestade”, “os ingleses estão em guerra?” ou o Pior... “Se os ingleses quiserem podem se aliar aos alemães, o punhado de soldados que eles enviaram não faz diferença alguma”.

Assim como em outras gerações a Guerra chegou à França. De uma forma mais letal da qual se tinha visto em séculos de guerras na Europa. Enfrentando uma nova geração de alemães, e desprovida de sua tenra-idade massacrada nos campos de Verdun, Marne ou nas malfadadas ofensivas de Nivelle, o estado maior francês preparou-se para lutar o que mais tarde ficou conhecida como “Guerra em câmera-lenta”, soterrado sob as casamatas de concreto armado, o exercito francês deveria aguardar o choque frontal (pelo menos previa-se isto, no alto comando francês) ou limitar-se apoiar com suas reservas moveis Bélgica e Holanda (O Mundialmente conhecido: Plano Dyle).
E com o passar dos anos, e com o bloqueio continental inglês esperava-se que os aliados conseguissem superioridade nos setores críticos para passar à ofensiva. Os mais otimistas diziam que poder-se-ia investir contra a linha Siegfried na primavera de 1942!!!

Tanto com Vauban, passando por Napoleão, a Ardant DuPicq, foram esquecidos séculos de glórias e desenvolvimento técnico-militar das armas francesas.

Quando o plano de Manstein foi executado na primavera de 1940, não só chocou o mundo por sua audácia, como também pelos métodos utilizados. A Blitzkrieg, veloz, surpreendente e absolutamente impetuosa massacrou os exércitos franceses em poucas semanas.



Após a derrocata, os franceses enfrentaram uma série de batalhas, as quais hoje não se da muito valor. Lutaram duramente contra os invernos – Já que a produção de grãos havia sido paralisada pela guerra... Lutaram em forma de milícia contra os alemães por longos anos, contribuindo de forma marcante para o sucesso da Operação Overlord.

Mas isto é outra história...


Referencias:

“Tragédia na França” – André Maurois
"Eu vi a França cair" - Rene de Chambrun
França 1940 – “A catástrofe” – Ed. Renes.